PARA QUEM CUIDA
Por Equipe Naapa – DRE Campo Limpo
Diversidade cultural: experiência e prática.
A história que vamos contar revela um trabalho feito a muitas mãos, trabalho este que contou com a atuação da equipe do NAAPA da DRE CL no que se refere aos processo de descoberta das várias mudanças pelas quais uma criança migrante passava, e de como a atuação dos profissionais do NAAPA tornaram-se relevantes no processo de aprendizagem e desenvolvimento do estudante.
https://museudoamanha.org.br/pt-br/artigo-por-que-o-brasil-deve-retornar-ao-pacto-global-para-migracao-segura-ordenada-e-regular
Ao aproximar-se da trajetória de uma criança migrante, faz-se necessário abarcar, também, o percurso da família, que ao deslocar-se de seu espaço de origem em busca de melhores condições, vive outras experiências constitutivas de novas histórias e novos percursos, por isso, a criança, vinda desta família migrante terá de aprender sobre novas formas de viver, compreendo, a partir da sua cultura, as outras com as quais ela conviverá.
O contato inicial pode apresentar barreiras, sejam as que se referem à comunicação como outras, inclusive de equívocos promovidos pelo desconhecimento da cultura a qual a criança pertence, como de outros tantos fatores que impactam a experiência da criança no novo espaço, por isso, ao ser inserida em um coletivo, sem que os adultos conheçam as suas vivências anteriores, toda atenção se faz necessária a fim de evitar interpretações que causem danos ao educando e à família.
Imagens do livro: “O Caminho da escola”, MARQUES, Raul. Editora Aletria, 2021.
A equipe do NAAPA acompanhou a situação de uma estudante recém chegada na Rede Municipal de Ensino, com quatro anos de idade, matriculada na Educação Infantil, que foi encaminhada pela equipe escolar e UBS ao serviço da rede de proteção da saúde (CAPSIJ), pois apresentava dificuldade de interação e comportamentos estereotipados.
O NAAPA teve conhecimento desta situação em uma reunião de rede, na qual os profissionais da saúde, sabendo da importância do diálogo com a educação, pediram apoio e mediação entre o Núcleo e a equipe escolar para um trabalho de parceria, embasado na educação inclusiva e equitativa. Pudemos, assim, a partir da nossa prática, auxiliar e mediar a relação da estudante com a escola.
A rede, em que acreditamos, da qual tanto o NAAPA quanto as escolas municipais fazem parte, é aquela que articula intencionalmente pessoas, com objetivo de organizar estratégias que auxiliem os profissionais na elaboração de ações que possibilitem a garantia de direitos de bebês, crianças e adolescentes.
A partir desta ação, outros desdobramentos foram acontecendo, entre eles um momento de diálogo com a equipe escolar e NAAPA, no qual o trabalho com atividades de nomeação e atividades sensoriais foram sugeridas. A família levou a estudante para acompanhamento no CAPSIJ. Entretanto, pôde-se observar que ao ouvir a família e saber mais sobre a criança, a escola encontrou meios de enxergá-la a partir de outras perspectivas, ampliando o olhar sobre ela, como também sobre sua família.
SÃO PAULO (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Currículo da Cidade: Povos Migrantes: orientações Pedagógicas. – São Paulo: SMECOPED, 2021.
Na escola, uma profissional do NAAPA e uma fonoaudióloga do CAPSI interagiram com a criança e observaram que o idioma falado por ela era inglês, informação ainda desconhecida pelos profissionais que atuavam na unidade educacional. Após diálogo com a mãe, esta relatou que morava em outro país e que há pouco tempo tinha vindo para o Brasil, deixando a criança sob os cuidados de uma parente, confirmando que toda sua família era bilíngue, fato que fez com que todos os profissionais repensassem o trabalho a ser realizado. O resultado foi que em menos de um mês a criança já estava conseguindo se comunicar!
No trabalho com a diversidade, há grandes desafios, tanto no campo objetivo como no subjetivo, pois a ampliação dos direitos ao acesso e permanência dos estudantes migrantes na escola, como o respeito e a valorização da diversidade, atravessadas pelas questões inerentes às dificuldades com a língua, são situações que se impõem nos espaços educacionais, por isso, questionar-se sobre como promover experiências de aprendizagens significativas para uma criança migrante é uma ação incontornável.
É preciso garantir práticas que promovam aprendizagem e desenvolvimento ao estudante migrante, seja por meio de projetos e situações em que a língua falada faça parte da comunicação escrita e oral, seja pela implicação da escola e de cada profissional na busca de espaços aderentes à diversidade e no conhecimento das culturas cada vez mais presentes nas nossas unidades educacionais.
Logo, pensar em estratégias que permitam melhores integrações dos estudantes migrantes é uma ação que precisa ser planejada e constantemente avaliada, para que se possa, de fato, contribuir com a disseminação de práticas excludentes e preconceituosas, considerando o direito a que cada cidadão tem de se sentir parte do espaço escolar e do mundo, sem esquecer que somos um país constituído de múltiplas culturas e diverso.
Equipe NAAPA – DRE Campo Limpo
Graciane Rodrigues Santos Balaban – coordenadora
Aly Lane Xavier da Silva Figueiredo – Psicóloga
André Luís Santos Borrego – Psicólogo
Carla Alessandra Sartorelli Guimarães – Psicóloga
Elaine Cristina de Morales Scuola Hengles – Psicopedagoga
Flavia Martins Lucio – Psicóloga
Leia Brito de Souza Ramos – Psicopedagoga
Paloma Hilton Hamer Gihberti – Psicóloga
Rose Mary Ferreira de Souza – Psicopedagoga
Valeska Cizauskas – Psicológa