PARA QUEM CUIDA

Golpes da vida

Publicado em: 09/03/2022 às 16h20
Vivencias

Por Paula Augusta Bettio Sanches

Há momentos muito difíceis na vida. Muitos desses momentos acontecem no ambiente do emprego da gente. Os golpes mais duros nem sempre são relacionados diretamente com o trabalho.
Um dos momentos mais difíceis da minha vida foi perder uma colega muito querida para uma doença da qual até hoje não temos certeza de qual seja. Ela se foi de repente deixando um
enorme e doloroso vazio.

Há meses ela se queixava de uma dor muito forte na perna que a impedia de caminhar normalmente. Ela dizia que os médicos não conseguiam descobrir qual era o problema, mas depois viemos a saber que ela nunca procurou um. Estava com depressão e poucos haviam percebido de que se tratava. Percebi que ela andava meio estranha, mas atribuía seu comportamento ao desconforto da dor. Claro que depois eu soube que alguns colegas tentaram conversar com ela em vão, ela não deixava ninguém se aproximar e começou a faltar com certa frequência, não era hábito seu fazer isso.

Eu percebi que ela andava meio estranha, mas atribuía seu comportamento ao desconforto da dor. Claro que depois eu soube que alguns colegas tentaram conversar com ela em vão, ela
não deixava ninguém se aproximar. Ela começou a faltar com certa frequência, não era hábito seu fazer isso. Numa quarta-feira ela se queixou de dor e resolveu ir para casa. Sozinha não
conseguiu subir dois degraus que separavam o pátio da escola da secretaria, precisei ajudá-la.

No domingo à noite, recebi a triste notícia de seu falecimento através de uma colega. Senti meu corpo todo formigar, não entendi como uma dor na perna poderia levar a óbito uma pessoa
tão forte quanto ela. Mas não foi a perna, a causa foi infecção generalizada. Mas nada tira da minha cabeça que a depressão também contribuiu.
Por semanas a escola parecia morta. Na sala dos professores o silêncio reinava. Muitos alunos estavam numa espécie de torpor, principalmente as crianças da terceira série em que ela
lecionava.

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Imagem: Pixabay

Por que ela estava deprimida? Por que se isolou? O que aconteceu a essa colega? Como já disse, ela teve depressão, uma doença considerada por muitos como o mal do século XXI. Li um
pouco a respeito e, baseada nessa leitura, hoje sei que essa colega tinha muitos dos sintomas comportamentais de uma pessoa depressiva:

Humor depressivo – Aliás fazer piadas sobre as mazelas do magistério é a especialidade de muitos professores. Eu me incluo neste grupo.
Sensação de tristeza – o que interpretei como dor, muitos colegas viram como uma enorme tristeza.
Perda da vontade de sentir prazer – ela que sempre foi uma pessoa vaidosa, dando dicas de beleza às colegas, não se arrumava mais. Muitos professores também não se arrumam
alegando que não vale a pena. Cuidado com esse tipo de pensamento.
Fadiga ou sensação de perda de energia – Se queixava constantemente de cansaço.
Sintomas Somáticos – a tal dor inexplicável na perna.

Por isso, gostaria de destacar a importância de buscar ajuda ao não se sentir bem. A informação é importante, pois na época em que a minha amiga apresentou os sintomas, não percebi que ela precisava de ajuda. A morte é uma coisa muito estranha. Dizem que é a única certeza que temos nessa vida, mas quando ela chega pega a todos de surpresa. Tem aqueles que não a aceitam. Para alguns é o começo de uma nova etapa, para outros é o fim.

Mas para mim, há uma coisa é certa: Que saudades Lili!

Paula Augusta Bettio Sanches é professora na Rede Municipal de Ensino e trabalha no NAAPA – DRE Santo Amaro.

 

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