PARA QUEM CUIDA

O escritor transborda as emoções pelas letras

Publicado em: 09/03/2022 às 09h06
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´Por Equipe Naapa DRE Santo Amaro

“A Fala organiza o pensamento; a escrita organiza a fala” – Lev Vygotsky.

O pensamento nos leva a diversos lugares de expressão, de introspeção, do real, do imaginário, no passado, presente e futuro. Por esses lugares, nossos sentimentos sempre nos acompanham e podem transbordar e transparecer de diversas formas: uma lágrima, um riso e uma expressão artística. Através da arte expressamos nossos sentimentos e pensamentos, por isso, apresentamos nesta seção textos de autoria de professores da Rede Municipal de Ensino. Vamos conhecer?

Ciclos

Uma festa, mesa de casa
Pano de fundo, primos e amigos
Quantos sonhos e expectativas em cada rosto…
Sorria! Olha o passarinho!
A timidez vence a maioria.
O que esses olhares carregam?
Será que os desejos, desse momento congelado no tempo, se concretizaram?
Festa simples, família e amigos simples
Somente o futuro presente no retrato
Olho cada rosto e penso na trajetória que cada um percorreu…
Saudades da prima Marli com seu sorriso triste e que cedo nos deixou…
Deus a levou pra si de forma repentina,
Já tinha sofrido demais no alto de seus treze anos!
Suas irmãs Marlene, Márcia e Marisa presentes no quadro,
Percorreram caminhos diversos após o fato
Cada uma carregando seu próprio peso…
Marlene, a mais sorridente no canto da imagem
Traz no rosto o desejo de superação,
E na roupa o vermelho do sangue que corre nas veias!
Atrás dela, o mais alto, mais velho, mais sério e muito amado Luís
Sempre me pergunto o que desde cedo carrega no peito…
Hermético até hoje!
Na outra ponta, sua irmã Lúcia
Mais baixa, é verdade, porém mais solta!

(Gislaine dos Santos Koenig – professora da EMEF Cacilda Becker)

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Imagem: Pixabay

O que vejo na minha foto…

Minha tia, irmã de meu pai, Florinda era seu nome, mas eu sempre ouvia ‘tia Flor’. A Flor, para mim, não era coisa boa. Sua voz estridente e gostosa, não dava para se confundir. Foi ela quem disse: – Levindo, larga tudo isso e vem morar em São Paulo, meu pai foi. Ficamos todos amontoados na casa dela.
Minha irmã, mais velha que eu, era louca para se casar, mulher bonita e brava, dava cada beliscão! Ali, parece despenteada, era cheia de manias, não usava calças compridas e era muito feminina.
Meu irmão Marcelo, o olho de gato, era um dos mais brancos. Homenzinho feito, mas sempre junto de nós. Hoje é avô.
Eu sempre gostei dos braços e abraços de minha mãe, me sentia protegida, hoje olhando bem, eu é que a protejo. Nossos papéis, chega uma hora, se invertem. Ela sempre de mão no queixo, pensando no tempo que seu sofrimento teria fim. Dizia assim de meu pai ”–
Bate, pode bater, um dia você não me achará mais para tanta judiação”. Minha mãe ficou, e ele se foi.
Meu pai já curvado pelo tempo, mas ainda mostrava o poder de sua força, homem de poucas palavras, até para si mesmo. Coitado, tivesse falado mais, quem sabe não teria sido infeliz.
As cadeiras ali, somente três, seis pessoas. Entre os sentados estão minha tia e meu pai. Minha irmã, de pé, meu olho de gato, de cócoras, e eu junto, grudadinha com  mamãe.
É um retrato em preto e branco, meio amarelado pelo tempo, nisso já se vão cinquenta anos. Aquele dia foi uma visita. Hoje, é outra!

(Laura Aparecida Guimarães Corrêa – professora da EMEF Antenor Nascentes)

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Imagem: Pixabay

E você? Gosta de escrever? Tem alguma produção que gostaria de compartilhar conosco?

Se tiver, envie-nos. Basta ir na página “O que rola na quebrada” e acessar o link para o envio do material.

Ah! Como o assunto é o transbordamento pela palavra poética, deixamos outra sugestão de leitura.

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A poesia está em tudo e em todos. Por isso, usar a força das palavras para organizar, refletir, desconstruir, transformar, como instrumento de luta política e de mudança, é essencial. Mas, como mudar o mundo, sem que a mudança seja feita em você mesmo primeiro? O livro “A poesia e a luta”, do Professor Betinho, traz um conjunto de poemas em que há uma espécie de catarse entre o eu lírico e voz do autor, que se misturam em busca de evolução pessoal e coletiva a partir de reflexões internas, numa sociedade ainda tão injusta e desigual.

É ler para comprovar! Bora encarar essa viagem?

 

Sa

Equipe Naapa DRE Santo Amaro: Marli de Oliveira Marcolan, Soraia Regina Dib, Érika Utimura, Ana Claudia de Paula, Paula Augusta Bettio Sanches, Mariangela Alves Feitoza Fernandes, Débora Cardoso.

 

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