SE LIGA!
Por Renata e Vanessa
A potência do futebol feminino
Foto: Joshua Hoehne – Unsplash
Cristiano Ronaldo, Neymar, Messi, Mbappé … provavelmente você conheça ou já tenha ouvido falar desses jogadores, não é mesmo? Dificilmente também alguém não conheça o esporte que é considerado a “paixão nacional” aqui no Brasil.
O futebol é bastante popular por todos os cantos do planeta e a probabilidade de que você já tenha jogado bola em seu quintal, em alguma quadra da sua cidade, pelas ruas do seu bairro ou até em sua escola, é muito grande. Mas você sabia que o futebol era proibido para mulheres no Brasil até o ano de 1979? Que de acordo com o presidente Getúlio Vargas em 1941, o futebol e outros esportes que exigiam força não eram permitidos para as mulheres, pois alegavam que eles iam contra a “natureza humana” feminina? Pois é.
Foto: Rawpixel
Foi só no ano de 1983 que o futebol feminino foi regulamentado, após muita luta de diferentes jogadoras. Já em 1991 aconteceu a primeira Copa FIFA para mulheres e somente em 1996 que a modalidade se tornou um esporte olímpico. Porém, mesmo diante dessa largada bem atrás, se comparado ao futebol masculino, a modalidade praticada pelas mulheres vem ganhando cada vez mais espaço, qualidade e investimento. Jogadoras talentosíssimas como as brasileiras Marta e Formiga, a norte-americana Megan Rapinoe ou uma das melhores zagueiras do mundo, a francesa Wendie Renard, compõem esse time de mulheres que servem de inspiração para tantas outras pelo mundo afora.
Com essa crescente popularização e vendo a potência do esporte para o empoderamento das meninas, a professora Letícia Mendonça Dias da Silva desenvolveu um Projeto de Futebol Feminino quando ainda estava como professora de Educação Física na EMEF Des Francisco Meirelles, situada na Vila Carioca (SP).
Foto: Campeãs da DRE Ipiranga
O projeto aconteceu de 2015 a 2020, quando veio a pandemia de Covid-19 e teve que ser suspenso abruptamente. Além de contribuir com a formação integral das estudantes, objetivo exposto inclusive no Currículo da Cidade, a prática do esporte promoveu a melhoria da autoestima e da autoconfiança, assim como também desenvolveu na comunidade escolar um olhar mais cuidadoso e respeitoso com a diversidade de identidades, o que resultou diretamente na melhoria do relacionamento interpessoal das estudantes e diversas participações em campeonatos e também nas Olimpíadas Estudantis da capital paulista.
Foto: Fase final Municipal das olimpíadas estudantis.
Uma das jogadoras, a estudante Julia Souza Alves, nos deu um belíssimo depoimento sobre os anos em que esteve como capitã no time da EMEF Des Francisco Meirelles. A equipe da escola foi campeã da DRE Ipiranga em 2019 e chegou a participar da fase final das Olimpíadas Estudantis Municipais de São Paulo.
Professora Letícia e Julia Alves, a capitã do time
“É uma missão e tanto colocar em palavras o que aquele projeto foi para mim. Foi com certeza uma experiência que eu levo e vou continuar levando para a vida, foi onde eu aprendi muito não só sobre o esporte, mas sobre companheirismo, trabalho em equipe, ética e muitas outras coisas. A professora Letícia, ou como eu gosto de chamá-la, Lelê, é uma profissional de ótima excelência e eu posso dizer com todo orgulho que ela foi a melhor professora de educação física que eu tive em toda essa minha trajetória na escola, até no ensino médio eu não tive uma professora no nível dela. Esse projeto me trouxe coisas maravilhosas! Me ajudou a desenvolver mais responsabilidades, Letícia me tornou a capitã do time, me dando uma responsabilidade enorme em dar confiança às meninas e ter esse instinto de liderança também foi ela quem me ensinou e isso nunca mudou, a gente sempre teve um carinho muito grande uma pela outra. Ela sempre foi como … não vou dizer mãe porque ela é muito nova, né, mas uma irmã uma parceira e claro uma professora ótima nunca deixando de ser profissional Esse projeto me abriu portas, pois com ele me desenvolvi no esporte, mas calhou de não seguir neste rumo, mas estou prestes a prestar vestibular para educação física e quero ser como a Letícia, desenvolver projetos e ser uma profissional de competência como ela, se eu pudesse indicar alguém a participar desses programas não pensaria duas vezes, realmente é algo muito bom de se vivenciar.”
(Júlia Souza Alves, 18 anos, ex-aluna da EMEF Des Francisco Meirelles)
Vanessa Aguilera, psicopedagoga institucional do NAAPA DRE IP
Renata Del Tedesco Curral, psicóloga escolar do NAAPA DRE IP