SE LIGA!
Round 6: E a cultura de que tudo pode ser entretenimento/ e a cultura do pagando bem que mal tem
Por Hyader Oliveira
BATATINHA FRITA 1, 2, 3……….Essa brincadeira é pra pensar.
Você já deve ter ouvido falar. Squid Game ou, como foi chamada no Brasil, Round 6 se tornou febre no mundo inteiro batendo recordes de exibições após estrear e se tornar a primeira série coreana a chegar ao topo do top 10 de produções mais assistidas da Netflix. O enredo da série é centrado em uma sequência de jogos infantis onde a vitória significa lutar pela própria sobrevivência até que somente um se mantenha em pé para receber um prêmio em dinheiro.
Mas eu não sei se você sabe: o grande diferencial de Round 6 é que conta a história de pessoas que são tão endividadas a tal ponto, que aceitam voltar para o jogo mesmo tendo a chance de desistir da competição após se darem conta do nível de mortalidade desses jogos.
Você pode me dizer que a série de Dong-hyuk Hwang é um simples faz de conta, porém já existem programas com a temática “topa tudo por dinheiro” aqui no Brasil! Alguns, que incialmente parecem inofensivos, possuem sérios problemas éticos e sociais, como por exemplo programas de auditório com brincadeiras e provas nas quais a humilhação de pessoas carentes se torna entretenimento sob a justificativa de gamificação. O ideal de sacrificar a vida para pagar uma dívida é no mínimo perturbador, mas nos mostra o jeito de entretenimento que desrespeita e explora as pessoas.
Você pode pensar: É apenas diversão! Assiste quem quer!!
Mas as pequenas dores do dia a dia que sentimos para enfrentar as dificuldades da vida resultam em mais tristezas, exclusão e baixa qualidade de vida. Ao subir os créditos finais do último episódio, fica o espaço para a gente pensar: Quando o dinheiro é tido como o mais importante, a pessoa deve ser capaz de fazer qualquer coisa para consegui-lo? O que realmente é importante ao ser humano? O que realmente, hoje, é importante para você?
Imagem: Pixabay
Hyader Oliveira é formado em jornalismo pela Universidade Mackenzie e Pós-graduado em Criação e Gestão Audiovisual Transmídia pela Faculdade Casper Libero.